domingo, 24 de fevereiro de 2008

Hackers, Crackers Flocos Crocantes e Chocolate Nestle


Como foi dito este blog não tem a pretensão de apresentar conteúdo original, mas sim conteúdo interessante. portanto apresento a transcrição de um artigo de: Roberto Parra


Você provavelmente conhece ou tem algum amigo mecânico, que sabe tudo sobre motores de

dois cilindros, ou então de ignição eletrônica ou algo assim. Se esse seu amigo, além de saber tudo, tiver por exemplo construído algumas próprias ferramentas, feito modificações no desenho original e ter uma vontade absurda de mostrar isso para outros amigos mecânicos, ele é um tipo especial de ser humano.



Da mesma forma, aquele seu vizinho maluco que não entende lhufas de computador mas tem uma verdadeira parafernália eletrônica no porão, e passa alegremente os fins de semana conversando via ondas curtas com pessoas de toda parte do planeta. Aquele vizinho que tem aparelhos cheios de bobinas e capacitores que ele mesmo construiu, inventou e aperfeiçoou, para localizar a melhor posição de sua antena sem afetar a recepção da sua TV e faz questão que você tenha um igual. E o que dizer daquele outro que usa um aparelho de solda elétrica como se fosse parte de sua própria mão e inventa toda a sorte de armações e montagens, até lustres para a igreja local?

Essas pessoas todas são hackers.

Hacker vem do inglês e significa marceneiro (aquele que entalha a madeira e não apenas corta e prega) e denota antes de tudo uma pessoa que procura obter (conhecer) o máximo do seu redor, de sua profissão e das ferramentas e recursos disponíveis no ambiente onde vive.

Esqueça o que os jornais e jornalistas escrevem. Infelizmente, a maioria desses “profissionais” de transferência de informação trabalha sob pressão para produzir uma certa quantidade de notícias, normalmente sobre um assunto específico. Se você já assistiu ao Fantástico, terá notado uma repórter que é o símbolo desse tipo de profissional. Subnutrida mentalmente, se preocupa, na entrevista de um raly, em perguntar o que será que a mãe do motorista diria se o visse coberto de lama.

É de se esperar que um profissional mal preparado (às vezes nem isso) não queira ou não tenha tempo de rever a besteira que escreveu, e num ambiente predatório como a Internet, onde os sites de notícias trabalham canibalizando outros sites (terá alguém que produza a notícia original nesse meio?), se baseiam na besteira alheia e então tudo está perdoado.

Hacker não é sinônimo de criminoso, da mesma forma que animal não é sinônimo de ser humano. Dentro do reino animal, existe uma família de elementos chamada humanos. Dentro do Reino Hacker, existem alguns elementos que são criminosos. Isso é normal e esperado em qualquer sociedade. Você agora deve estar pensando: ah! então os criminosos são os Crackers! Ledo engano. Pode-se dizer que, via de regra, a diferença básica entre um hacker e um cracker é somente o enfoque dado a determinado assunto, objeto de estudo. Eu iria até mais fundo com a seguinte comparação: “Os Hackers estão para os Crackers, assim como os Físicos estão para os Engenheiros”. Os primeiros se perdem em abstrações, às vezes dedicando feriados e fins de semana, somente para descobrirem como uma coisa funciona. Já os segundos são capazes de perder o mesmo tempo, mas têm fins mais diretos como revender o fruto do sua intensa concentração.O primeiro descobre e divulga a técnica, o segundo, o produto trabalhado.

Então você jovem que já fez 14 anos e tem computador em casa e quer ser hacker e para isso você comprou um daqueles livros “seja hacker em 10 lições fáceis”. Humm… sem comentários.

Se quer realmente ser um hacker, você deve primeiro gostar, gostar muito de estudar. Mas estudar em latu sensu e não como um sujeito que entrevistaram na última feira do livro: “Que tipo de livro você mais gosta?”, perguntou a repórter, esperando ouvir alguma coisa como romance policial, ficção científica, ou poesia ou ainda um nome de algum autor, mas o rapazinho respondeu: “eeeerrr, gosto de livro de informática..”.

Explicando o chiste do rapaz: livro de informática é o nome de um grupo de publicações editadas para serem manuais de procedimentos. É a mesma coisa que perguntar para um estudante de letras que tipo de livro ele gosta e ele responder que gosta de Dicionários, ou para um Físico e ele responder que gosta de Formulários.

Não tem sentido ficar lendo dicionários e formulários por si só! Palavras e fórmulas não servem para nada se não estiverem associadas a um contexto ou problema, respectivamente. Da mesma forma, os livros mencionados não servem para nada se não estiverem associados ao software para o qual se dirigem. Um romance é eterno, um Manual do Corel Draw 1.0 só prestará enquanto não lançarem o Corel Draw 2.0.

Portanto, ser hacker não é invadir este ou aquele computador, e na mesma medida ser cracker não é quebrar a senha deste ou daquele software. É antes, uma filosofia de vida, um jeito de encarar o mundo.

Um manual do hacker seria algo como:

1. Desenvolva um senso de equilíbrio. Aprenda alguma arte marcial para manter sua mente ligada ao mundo que o envolve. Respeite o mundo que o envolve. Anarquia não é libertinagem! Ser um anarquista não é ser contra leis e policiais, mas antes e principalmente ser tão responsável por si mesmo e pelo próximo, que não necessite de leis. Note a sutil diferença que faz tornar isso muito mais difícil.

2. Leia. Mas leia muito. Não se prenda à informática. Leia romances, ficção, bula de remédio, tudo! Goste de ler, e entenda o que leu. Faça resumos periódicos dos livros que estiver lendo. Isso vai te ensinar também a escrever!

3. Aprenda inglês, francês e quantas outras línguas puder. Cada idioma possui um segredo, um ritmo e cultura próprios. Se você esperar que apareçam coisas traduzidas, estará esperando pela interpretação de pessoas que freqüentemente não sabem do que estão falando. Tenha suas próprias idéias sobre os fatos.

4. Procure ajudar os outros. Tente sempre trabalhar em grupo. Vão existir sempre as moscas prontas pra lamber o açúcar que você produz, mas não se desanime. Nunca pare para latir para um cachorro. Ele não pode te entender, mesmo que queira. Tenha em mente que acender uma luz para ler sempre atrai mariposas. Ser uma lâmpada implica em conviver com mariposas.

5. Orgulho é uma parede atrás da qual os incompetentes se escondem. Um hacker nunca é incompetente. Se você não sabe algo, pergunte. Perguntar é a base do conhecimento. Achar que pode tudo é coisa de criança. Um dia você terá que crescer, mesmo que não queira, então que cresça com dignidade. Agora preste atenção: pergunte com a intenção de entender. Perguntar por perguntar é apenas ser chato(a). Você sabe que atingiu uma verdade mais profunda quando nota o tipo de pergunta que ela gera e não pelas respostas que encontra.

6. Note que a liberdade é primeiro um estado de consciência de seus próprios limites. Isto significa saber até onde você pode pisar. A cada passo, olhe se não existem pés embaixo dos seus. Invadir espaços alheios abre portas para as mesmas invasões no seu espaço.

Depois de alguns anos criando esses hábitos (sim, isso é um processo de uma vida toda), você estará pronto para o próximo passo: testar os limites de seus conhecimentos.

Os hackers de computador testam os limites do hardware e do software, das interconexões da rede mundial e por aí afora.

Os hackers de motocicletas testam os limites do motor, do carburador, das velas e ignição, da tração, das rodas no asfalto e nas trilhas de pedras.

Os hackers de partículas testam os limites dos átomos, das forças com as quais interagem, de suas relações com o universo.

Assim um dia, você já hacker, poderá dar um passo ainda além: testar os limites da sua própria realidade!

Roberto Parra








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Da déi real ai tiu.



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